you wouldn't last an hour in the asylum where they raised me
confio que o coringa coringou por muito menos instabilidade mental que eu tenho em um dia normal.
Amigos, está finalmente chegando a hora.
A hora que me dá crises de ansiedade há mais de um ano.
Sim, finalmente é possível ver a luz no fim do túnel que chamamos de “obra”.
Abril inteiro se passou com a equipe do marceneiro no apartamento novo, contrariando a previsão inicial de “se demorar muito, leva 2 semanas”.
O negócio tá ficando lindo, de verdade. Escolhemos bem as cores certas e achei o acabamento dos caras bom demais. Mas eu nunca vi tanto erro besta na minha vida, a começar por alturas de prateleiras e quantidades de prateleiras. Parece que olharam o projeto e fizeram um freestyle. Uma prateleira a mais no armário de jogos, uma a menos na estante de livros, uma a menos no armário de CDs, uma a mais na lavanderia. Por quê? Sigo me perguntando.
Agora só faltam alguns desses ajustes. A estante de livros vai precisar ser redesenhada do zero, uma empreitada conjunta da nossa amiga arquiteta do projeto e desta que vos escreve. Nessas horas, ajudaria muito se eu não já tivesse encaixotado 98% dos meus livros, porque poderia quem sabe estimar a quantidade de livros de cada formato. Mas eles precisam estar em caixas, porque agora a mudança de fato está próxima. E não tem ser humano que encaixote 800 livros no susto em 1 dia.
Também tem um vidro de vó na minha cristaleira que todo mundo jura estar belíssimo e eu simplesmente não consigo ver. Foi mal, galera. Amiga arquiteta, mãe, sogra, outras amigas, peço perdão pelo vacilo, mas não consigo ver o belíssimo. Consigo ver a janela da lavanderia do meu apartamento alugado velho e caindo aos pedaços, só.






Fora isso, abril passou voando e aconteceu muita coisa.
participei de mais uma locjam!
LocJam (“loc” de “localization”) é um evento inteiramente online em formato de concurso e dedicado à localização de jogos eletrônicos. A cada nova edição, a organização seleciona um jogo e o disponibiliza para localização, geralmente um jogo curto ou independente. Daí, as equipes têm um certo número de dias para entregar uma versão em seus idiomas de trabalho. Desta vez, foram 4. Na primeira vez que eu participei, havia uma comissão avaliadora, mas hoje são os outros participantes que avaliam seus “concorrentes”. Meio esquisito, mas ok.
No final do ano passado, aconteceu uma edição especial da LocJam com um jogo em italiano, e alguns colegas montaram um time de altíssimo nível, que por algum motivo me incluía, pra dar conta da tarefa. Na época, tive pouca disponibilidade de tempo e não fui tão presente quanto gostaria. Mas agora? Ah, agora eu fui a primeira a jogar o jogo e praticamente a última a sair de todas as reuniões. Mantivemos o esqueleto daquele grupo, mas menos de nós participamos nesta edição.
E eu só queria dizer fora do LinkedIn como essa experiência toda foi incrível. Não ganhamos, nem chegamos perto. Mas pude trabalhar de igual pra igual com colegas bem mais experientes que eu, alguns dos quais até foram meus professores nos vários cursos excelentes que fiz dentro da área de tradução. Pude entregar o meu melhor. Foi divertido. Foi desafiador. E ser ao lado daqueles queridos Alquimistas da Localização potencializa tudo isso alguns milhares de vezes.
O tradutor é um bicho curioso que faz um trabalho solitário. Isso torna ainda mais difícil saber como os colegas trabalham, aprender com eles, mostrar um pouco de você, estreitar laços. Oportunidades assim são raras. E eu pretendo aproveitar todas elas.
[a louca dos shows]
Infelizmente, os ingressos previamente comprados acabaram em abril. Então a quantidade de shows do ano vai diminuir drasticamente a partir de agora — qualquer novidade será exclusivamente fruto da minha irresponsabilidade atual. Mas abril ainda teve três grandes momentos!
Segue o resumão:

14 de abril, espaço unimed: pitty
É incrível como, em exatos seis meses, fui de “nunca vi a Pitty ao vivo” para ver a Pitty ao vivo em três ocasiões diferentes. Realmente incrível.
E esse de abril foi o único show solo da lista, o único em que ouvi o Admirável Chip Novo na íntegra mesmo. Já comentei antes que acho que Pitty tá em seu auge, e ela sabe disso. É lindo de ver no show. Recomendo ver ao vivo a qualquer pessoa que, em algum momento de sua vida, já curtiu muito alguma música da roqueira baiana.
Particularmente, não sou muito fã do Espelhos. O segundo ato do show foi dedicado a ele, e a empolgação caiu consideravelmente em relação à primeira parte. Dessas mais nostálgicas para além da atração principal, ainda fico com “Pulsos”, e ela infelizmente não apareceu aqui. Felizmente, pude riscar “Setevidas” da listinha de favoritas que queria ver ao vivo — e agora fico no aguardo de uma turnê futura pra, quem sabe, ter a oportunidade de ver “Serpente”.
16 de abril, allianz parque: jonas brothers
Os Jonas foram razoavelmente simpáticos e bastante competentes ao vivo, e o show me surpreendeu em muitos aspectos. Mas um questionamento não saía da minha cabeça. Siga a viagem um minutinho.
Essa está sendo chamada de “a The Eras Tour dos Jonas”. E os Jonas que me perdoem, mas como é fácil ser homem. Não tem movimento nenhum entre uma “era” e outra, mesmo com um intervalo oficial no meio: não rola uma troca de roupa, de cenário, de nada. É um show comum, com zero firulas ou homenagens.
Nada contra a falta de firulas. Vou a vários shows assim, especialmente de rock, e os amo igualmente. É a parte da comparação com a The Eras que me pega, porque a The Eras Tour de Taylor Swift e a Celebration Tour de Madonna são exemplos de turnês comemorativas bem diferentes da dos Jonas. Até a setlist é um pouco covarde, se for parar pra pensar. Em vez de fazer uma seleção que represente as tais das “eras”, eles simplesmente enfiam 10 segundos de cada faixa do álbum em um medley eterno e passam uns pedaços de clipe no telão. Como é fácil ser homem. Qualquer cantora seria ridicularizada se fizesse o mesmo.
Dito isso, viver essa viagem no tempo com os irmãos Jonas ainda foi muito divertido. E me fez perceber como eu gosto do Lines, Vines and Trying Times.
27 de abril, memorial da américa latina: summer breeze brasil
Primeiramente, eu gostaria de deixar a minha nota de repúdio aqui: mal tinha começado o segundo dia do festival e as camisetas do Within Temptation (que só tocaria no segundo dia do festival) já estavam quase todas esgotadas. Não tinha um tamanho menor que GG. Isso porque foram vendidas (e devidamente esgotadas) ainda na sexta-feira. Bizarrice.
Dito isso, que dia, meus amigos. Fora meia dúzia de atitudes meio chatinhas ao longo do dia, o público do Summer Breeze mostrou mais uma vez por que eu gosto dos fãs do meu tipo de metal. E os shows? De outro mundo.
Cheguei mais pro final do show do Angra porque (adivinha?) estava na obra. Mas cheguei a tempo de ver a sequência final de clássicos, especificamente “Carry On” e “Nova Era”. E um Angra é sempre muito bem-vindo, na minha opinião.
Esperava ficar para prestar atenção no Lacuna Coil e dar uma volta no HammerFall, mas o que aconteceu foi o contrário. Não que o Lacuna tenha sido desinteressante. Com tanto carisma e talento, eles entregariam um baita show de qualquer forma. Mas o HammerFall me entregou tudo o que eu não sabia que queria: pedrada de metal espadinha do início ao fim.
Em termos de espetáculo, o Epica mostrou por que era a segunda maior banda do dia. Fogo, fumaça, efeitos visuais, figurino impecável de dona Simone1, maestria técnica, e tudo mais grandioso que o esperado. Até a Cristina2 voltou ao palco para fazer uma participação especial. Mas eu não sei se era a ansiedade pelo Within Temptation ou o quê. Teve algo nesse show que fez parecer durar uma eternidade. Será que faltou movimento no repertório? As músicas mais interessantes, conferi depois, eram em maioria as mais famosas mesmo. Me diverti muito mais no HammerFall.
Já o Within Temptation fez muitas Jéssicas interiores chorarem. Em especial, a de 2011, doente pelo álbum The Unforgiving, e a do último ano de faculdade, segurando as pontas ao som de “Stand My Ground”. Foi um show que viajou bem pelo repertório da banda, embora privilegiando os dois álbuns mais saudosos (Mother Earth e The Heart of Everything) e os dois mais recentes (Resist e Bleed Out). Teve bastante efeito visual, fogo, fumaça, jogo de luz, e interação, com o público na mão da Sharon3 o tempo inteiro.
Pro meu gosto, a seleção de músicas poderia ser bem melhor. Eu mesma teria cortado quase tudo da fase saudosista da banda, ou pelo menos trocado por clássicos mais legais, como “Frozen” e “Ice Queen”. Teria trocado até a seleção do meu álbum favorito, incluindo uma das excelentes “Iron” ou “Fire and Ice” no lugar de “In the Middle of the Night”, que mais parece um Nightwish pouco inspirado. Mas entendo que tudo funciona a favor do conceito. E fica bem nítido qual conceito eles querem transmitir quando Sharon pede paz, união e acolhimento, levantando tanto a bandeira LGBTQIAPN+ quanto a bandeira da Ucrânia.
É verdade que, nisso, ela deu uns close errado. Como assim, essa palhaçada toda rolando em Gaza e ela pedindo pra voltar os olhos para a Ucrânia? É o quê?
É uma europeia, gente. Cada um vai olhar para o que estiver mais perto de si, e às vezes isso vai fazer com que as pessoas fiquem cegas para outros problemas. Esse movimento atual de não admitir um erro ou equívoco político de um artista pra poder “justificar” ser fã, correndo atrás de novos ídolos ou inimigos diariamente, é meio cansativo. Pra nós e pra eles. Afinal, se nós não somos donos da razão, quem dirá eles.
o retorno da premiere galápagos & outras histórias
Desaparecida desde o ano passado, a Premiere Galápagos voltou em abril!
Harmonies foi o jogo da vez. Lançamento da Libellud (editora francesa que nos trouxe Dixit), ele lembra alguns elementos de jogos como Cascadia nas peças de habitat, e essa é a comparação que todo mundo vem fazendo. Mas minha maior referência pra ele é Reef, uma joia esquecida entre os abstratos.
As pessoas estão amando o Harmonies, e eu quero fazer parte desse grupo, então quero jogar mais uma vez pra tirar a prova. Trocando figurinhas com um amigo meu que foi para a Premiere em outro lugar, pareceu que jogamos dois jogos diferentes. Na minha mesa, acho que as regras estavam erradas. E a minha experiência foi inferior à dele.
Até tirar a prova, vou me abster de comentários mais profundos. Achei a partida um pouco travada, não consegui executar uma única jogada, e preferia simplesmente ter jogado um Reef. Mas o evento da Premiere em si foi ótimo, como sempre. E é de se esperar da Encounter, meu local favorito.
Dia 30 de abril também foi aniversário de cinco anos do BG das Minas. Após alguns eventos recentes, percebi que sou a única integrante da organização original que ainda faz parte da organização do grupo e das mídias. É um pouco triste. Muitas mulheres que eu admiro já passaram por lá, e sinto falta delas, especialmente quando preciso ser a principal figura de liderança e não consigo entregar o meu melhor nisso.
Saímos momentaneamente de um hiato não-planejado das mídias pra comemorar a data, é claro.
Como falei no meu comentário lá, participar da criação e organização desse grupo foi uma virada de chave na minha existência no meio nerd. Sempre andei nesse meio com meus amigos homens. E sempre fui muito bem acolhida e tratada como igual. Foi só no evento que deu origem ao BG das Minas que tive contato com mulheres que não tiveram a mesma sorte que eu, que tiveram experiências completamente opostas e não se sentiam bem-vindas. Aliás, foi a partir daí que fui jogar com mulheres, ponto.
Entre quaisquer grupos sociais que seja, tudo o que eu quero é estar em ambientes que façam as pessoas se sentirem como eu me sentia. Proporcionar essa oportunidade às outras pessoas. Levantar a voz de quem cria esse tipo de iniciativa. E, se estar apenas entre a minoria com que se identificam faz as pessoas se sentirem mais confortáveis, então eu sou completamente a favor de ambientes exclusivos. Enquanto eles fizerem sentido, o BG das Minas continuará existindo como esse tipo de espaço.
e o the tortured poets department, hein?
Se eu for falar desse álbum agora, essa edição vai virar uma tese de doutorado. Vai tudo com mais calma na próxima.
Por ora, fiquem com essas fotos da modesta festa de lançamento que organizei com a minha amiga Nath — sem o Edu, a outra ponta do nosso tripé, que está rodando seu filme novo em Salvador.
Então o título da newsletter é uma grande fake news? Não necessariamente. Digamos que é um spoiler: “Who’s Afraid of Little Old Me?” é minha música favorita do The Tortured Poets Department com uma vantagem considerável.
apanhado do mês
1 participação na LocJam
2 reuniões de 4 horas
2 sessões de Beetlejuice
2 piadas chatas repetidas à exaustão
1 coro de “É o amor” com/para o cantor Luciano
7 shows
4+4 visitas à obra
1 ida à Taverna
1 vitória no boliche
31 novas músicas da Taylor
6 donuts temáticos
3 jogatinas frustradas
3 livros terminados
texto escrito ouvindo meu cérebro repetir o refrão de “Guilty as Sin?”5 a cada 5 segundos 🎧
Simons, vocalista.
Scabbia, vocalista do Lacuna Coil.
den Adel, vocalista.
Sinceramente acho que já perdi a conta.
WHAT IF HE’S WRITTEN MINE ON MY UPPER THIGH ONLY IN MY MI-I-I-I-I-IND